Durante muito tempo,
fiquei pensando e analizando se meu filho era um desses meninos chatos,
mimados, daqueles que só os pais não enxergam a chatice. Mas definitivamente,
agora tenho certeza de que ele não é. Recentemente, passou a ser bastante sociável
e perdeu muito da timidez que tinha antes. Timidez na verdade era o que eu pensava
ver, o que ele sofria mesmo era de insegurança. Está superando a fase, e agora
busca crianças para brincar, interage, convida, propõe brincadeiras, enfim, se mistura!
Acredito que existem vários
fatores que contribuem para a descoberta da sua auto-confiança: primeiro, a
idade mesmo, o desenvolvimento do corpo e do cerebro – agora ele “sabe brincar”.
Depois, o fato de eu ter sempre insistido e me esforçado para que ele
encontrasse outras crianças. O que aqui na Inglaterra é muito fácil, porque tem
muitos lugares e atividades para frequentar, mas também muito difícil, porque
as mulheres (em todo o lugar do mundo??) se fecham em seus círculos de amizade.
Mas paciência, nunca precisei publicar um anúncio de “precisa-se de amiguinhos”,
e apesar de poucas, contruí ótimas amizades com mães que conheci em lugares aleatórios
como no curso pré-natal, o parque e o baby
gym. Enfim, Luka tem amiguinhos para encontrar no playground, para visitar, para convidar para almoço, para fazer
passeios divertidos, e para convidar para festinha de aniversário! No começo,
ele não gostava de dividir, batia, não queria brincar, se eu falasse “a Lily
vem brincar aqui hoje”, ele respondia “eu não quero que a Lily venha na minha
casa”. Se estivéssemos no parque e houvesse outras crianças no escorregador, por
exemplo, ele não ia, ficava esperando até ficar vazio, e assim andava de
brinquedo em brinquedo, sempre procurando os vazios.
O último e, acredito, o
principal motivo para a auto-confiança, foi a escolinha, onde aprendeu a
dividir o espaço, a atenção, os brinquedos e a diversão. No mês de junho, depois
de 10 meses de frequencia, a professora dele comentou o quanto ele havia desenvolvido,
e como estava conversador com os coleguinhas, e construindo amizades. Luka foi
sempre bastante conversador dentro de casa, desde os 15 meses, mas na escolinha
só abria a boca para cantar (ele adoooora!) ou responder perguntas diretas. Fiquei
tão contente com o progresso, demorou mas desencantou! E a coordenadora
explicou que, após as férias de verão (julho e agosto) as crianças retornam
muito mais confiantes, entendendo que são as “veteranas” e agindo com mais “maturidade”,
já que novas irão iniciar, algumas menores de 3 anos, como foi com o Luka.
Com tudo isso, hoje, o
Luka salta de alegria quando recebe visitas e fica super ancioso quando sabe
que vai passear na casa de alguém. Se tem um brinquedo, oferece aos outros,
mesmo que sejam estranhos no parque. Nas últimas duas vezes que fomos ao
parque, foi ele quem agregrou as crianças para brincarem de piratas protegendo
o tesouro que o Capitão Gancho queria roubar. Corria, gritava, delegava
identidades e funções, se divertia tremendamente. Em poucos minutos, parecia
nem lembrar que eu estava ali! Não fique surpresa se no futuro eu vier escrever
um texto chorando as mágoas porque meu filho não quer mais brincar comigo!
Depois que todas as crianças foram embora, ficamos só nós 2, e apareceu outra
menina, de 4 anos, com o pai ou avô. Luka convidava para brincar e ela ignorava
ou dizia que não. Ela subia na rotatória, Luka seguia, ela descia. Luka descia,
ela voltava. Igualzinha ao Luka de 1 ano atrás. Fiquei pensando, que menina
chata mimada. Depois, lembrei de como o Luka teve oportunidades para aprender a
socializar, talvez ela não tenha tido ainda, ou simplesmente já entrou na fase em
que só gosta de brincar com outras meninas. De qualquer maneira, evitar julgar
e afastar a tentação de criticar a criação dos outros é o meu aprendizado diário.
Mas enfim, além dele,
também eu me sinto bastante mais confiante agora, vendo meu filho crescer de
maneira saudável e equilibrada, com muita educação, afeto e respeito. Orgulho
da mummy!
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