sexta-feira, 18 de maio de 2012

Engravidar: está na hora?

Eu estava na academia fazendo uma aula de ginástica localizada. Geralmente tirava de letra, mas nesse dia não conseguia respirar, tive que parar várias vezes. Depois, fui jantar na minha sogra, e ela comentou que havia espiado pela janelinha da porta da sala de ginástica e havia reparado que eu estava cansada e pálida. “Voce não está grávida, está?”, disse. “Não! De jeito nenhum! Sem chance!”, respondi. Minha convicção se devia ao fato de que eu já havia planejado terminar o jantar e ir a farmácia comprar a pílula do dia seguinte, porque não estava tomando anticoncepcional na época. Passou uma semana, e nada de menstruação. Meu então namorado, hoje marido, ficou encucado com a pergunta da mãe dele e começou a me perturbar pra fazer teste de gravidez. Uma tarde, ele voltou do trabalho com o teste na mão. Fiquei um pouco anciosa, mas no fundo, segura de que ia dar negativo. Cruzinha imediata. Voltei a sala e mostrei o resultado. Repeti o teste. Sentei no sofá com aquela cara de besta, que ficou ainda mais besta ao ver a reação do Ryan: pegou uma toca azul de borracha de natação que estava à sua frente, enfiou sobre a cabeça até o pescoço, e se escondeu atrás da estante. Não sei se ele tentava improvisar um artefato de sumiço ou de volta ao passado, mas depois de prováveis 5 minutos, resolveu tirar a proteção (repare na ironia da proteção de borracha na cabeça..!) e raciocinar como um adulto responsável. Levamos alguns dias para digerir a informação e pensar no futuro.

Quando telefonei para contar à minha mãe, eu estava ainda com muito medo. Fazia 3 meses que havia mudado da Espanha para a Inglaterra, não tinha trabalho, família, ou amigos. Aqui entra o detalhe de que eu estava com visto de turista e preparando os papéis para o pedido de autorização de casamento antes da gravidez. Pelo menos nem tudo era incertezas. Mas tinha medo demais por não ter a familia perto. Acho que um anjo tomou as palavras da minha mãe, e ela disse mais ou menos assim: “Mas, minha filha, não existe hora certa! Se você for esperar pela hora certa, ela nunca vai chegar! Sempre vai aparecer um trabalho que precisa fazer, um curso, uma viagem, algum projeto que você vai querer cumprir antes de uma gravidez. Então, aceita essa hora que Deus escolheu pra você. Vai dar tudo certo.”

Amém!


E até hoje eu dou esse mesmo conselho para quem quer engravidar ou engravidou sem planejar. Afinal, difícil afirmar que estamos “prontas para ter um filho”. Podemos estar dispostas a ser mães, preparadas emocionalmente para os desafios de ser mãe, mas “prontas” é conceito além da nossa imaginação.


p.s. na primeira ultrassom descobri que já esta grávida havia uns 10 dias quando tomei a pílula do dia seguinte. Para quem está se perguntando, não afeta em nada a gravidez ou o desenvolvimento do bebê. A pílula simplesmente não exerce sua função e é eliminada pelo corpo. E para quem também está se perguntando, não, eu não acreditava em tabelinha, e sim, fui irresponsável. Ah, e sim, faria tudo de novo, exatamente igual, não porque foi perfeito, mas para não estragar o que tenho hoje!

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