domingo, 13 de maio de 2012

Ranking: Melhores países para ser mãe - o que o Reino Unido tem e que falta no Brasil

Esta semana li uma noticia sobre uma pesquisa realizada pela ONG americana Save the Children, sobre os melhores países do mundo para ser mãe. As manchetes da Inglaterra contavam que o Reino Unido está na 10ᵃ posição, e as do Brasil, que nosso país é o 12ͦ. Levei um susto, não fazia sentido, até ler a reportagem e entender que o ranking foi dividido em 3 categorias, países desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos, e que num ranking geral, o Brasil estaría na 55ᵃ posição. Entre os países em desenvolvimento, Cuba é o primeiro… e o Brasil perde para a Argentina por 10 posições! (ahhh não pessoal, vamos virar esse jogo!)
A pesquisa se baseia no período da gravidez até os 2 anos de vida do bebê, e se concentra no bem-estar materno, nas chances de sobreviver e prosperar, considerando o acesso à educação, boas oportunidades econômicas e melhores cuidados com a saúde da mãe, e inclui o bem-estar da criança.
A principal recomendação da ONG para melhorar o quadro em todo o mundo, é a amamentação. As outras são: alimentação suplementar, vitamina A, ferro, zinco, e boas práticas de higiene.
O pessoal aqui na Inglaterra não parece muito orgulhoso de estar em 10ͦ lugar. Não sabem como estão bem, e como é dura a vida lá no 55! E eu não posso imaginar a dificuldade da mãe Nigeriana, última da lista! Meu coração fica cortado de imaginar um bebê chorar de fome e a mãe não ser capaz de alimentar, por ser subnutrida e miserável.
Aqui na Inglaterra, às vezes tenho a impressão de que as mães se preocupam demais com coisas pequenas, mas deve ser porque não temos grandes problemas como falta de estrutura hospitalar, falta de vacinas, de comida ou de escola pública. (É, mas o país está em recessão e as coisas tendem a piorar, estão cortando dinheiro justamente dos hospitais e escolas…) Vou escrever um outro texto contando como funcionou o sistema público durante minha gravidez e depois que Luka nasceu (2009), de parto normal e nas mãos de uma parteira, mas posso adiantar que foi de excelente qualidade, e que muitas vezes eu pensava que não havia sentido nenhum ter um filho em hospital privado quando o público trabalha com tanta eficiência! – Hoje sei que é ingênuo acreditar nisso, que depende de hospital para hospital, e que também o atendimento nas maternidades e unidades infantis é geralmente melhor do que no resto do hospital, porque é prioridade. Também fico em dúvida se todas as mães estranjeiras que moram aqui tem o mesmo tratamento de alto nível, ou se o fato de o meu marido ser inglês impôs um pouco mais de respeito e talvez boa vontade. Estou escrevendo sobre a experiência que eu vivi, mas sei que muitas outras mulheress aqui têm histórias bem diferentes para contar, repletas de descaso e até incompetência.
Mas voltando aos motivos pelos quais a Inglaterra está entre os 10 melhores do mundo, alguns dados aleatórios:
 
  • Mulheres grávidas tem medicamento gratuito (o atendimento no posto de saúde é rápido e eficiente, e existe remédio disponível, não apenas em teoría)
  • Mulheres grávidas recebem um auxílio de quase 600 reais (câmbio atual) no começo da gravidez, para ajudar e estimular uma boa alimentação
  • Mulheres grávidas com baixa renda familiar recebem um auxílio parecido com um ticket-alimentação para comprar alimentos nos supermercados.
  • Grávidas e mães com baixa renda familiar recebem auxílio moradia. O governo analisa a situação financeira da família e, dependendo do caso, dá uma quantia para ajudar no aluguel, ou paga o valor total, ou disponibiliza moradia (ok, essa opção não é boa, mas deve ser ainda melhor que a maioria das mães dos países pobres).
  • Crianças de 0 a 16 anos têm direito a medicamento gratuito.
  • Quando um bebê nasce, o governo abre uma conta poupança para ele e deposita uma quantia de cerca de 1500 reais em duas parcelas nos primeiros anos de vida, e ele, ninguém mais, pode sacar quando completar 18 anos. Qualquer pessoa pode colocar mais dinheiro na conta, mas mesmo assim, com os juros, o valor inicial é uma boa ajuda para o futuro jovem. Meu marido comprou o primeiro carro dele com esse dinheiro.
  • Depois que o bebê nasce, um profissional da saúde faz visitas em casa, para pesar, fazer teste de audição, olhar o cordão umbilical, etc, e orientar, tirar dúvidas, ver se a mãe está bem psicologicamente e o bebê está sendo bem cuidado.  
  • As mães são intensamente estimuladas a amamentar, e quando o fazem, se enfrentam dificuldades, uma profissional da saúde vai na sua casa ajudar, quantas vezes precisar.  
  • Os centros de saúde possuem uma “clínica de bebês” onde, uma vez por semana por algunas horas, profissionais estão à disposição para pesar os pequenos e fazer qualquer tipo de orientação.
  • Os centros de saúde enviam regularmente cartas às mães para lembrá-las das vacinações e solicitando que marquem horário para as aplicações.
  • Depois da quarentena, a mãe é orientada e estimulada a usar contraceptivo. Eu tive o Mirena (tipo moderno de diu que também acaba com a menstruação) colocado gratuitamente.
  • A licença-maternidade é de 6 meses, mas pode ser extendida para 9 ou 12.
Esses sãos apenas alguns dados que me vêm a cabeça de imediato. Não aprofundei o tema trabalho e nem entrei no assunto educação. Fora isso, gostaria de salientar como é bom criar filho em um ambiente seguro, ir a parques públicos limpos e com excelente estrutura, encontrar banheiros públicos descentes e com trocadores por toda a parte, ter vagas de estacionamento para familias com criança pequena, e comprar fraldas e lenços umidecidos da melhor qualidade a preços rasoáveis!
Porém, gostaria de acrescentar e protestar: no Reino Unido, mulheres grávidas, e também idosos, não têm prioridade em filas!
p.s Os melhores países para ser mãe são:
1 Noruega
2 Islândia
3 Suécia
4 Nova Zelândia
5 Dinamarca
6 Finlândia
7 Austrália
8 Bélgica
9 Irlanda
10 Holanda e Reino Unido

Nenhum comentário:

Postar um comentário