sexta-feira, 1 de junho de 2012

Socorro! Meu filho bate nos amiguinhos!

Hoje, minha sobrinha Blaise(“Bleiz”), de quase 2 anos, mordeu a mão do meu pequeno príncipe tão forte que quase sangrou. Eu peguei ela pelos cabelos e dei umas palmadas. MENTIRA! Nunca bati no Luka (muito menos na Blaise) e espero nunca precisar. Acredito que bater em filho é igual cuspir para cima. Criança copia tudo que os pais fazem, logo, se você bater, está ensinando que bater pode, que é uma atitude aceitável!

Tem pais que acreditam que tapinha na mão pode, e eu não critico, até conheço várias crianças que levam umas palmadinhas na mão de vez em quando e são geralmente super queridas e tranquilas. Também não sou ingênua de pensar que talvez quando for maior, tipo lá pelos 7 anos, Luka não vá precisar de umas palmadas, mas então ele já não será uma pessoinha tão pequena, indefesa e inocente, será grande o suficiente para entender o que fez de errado e porque apanhou. Não sei, só posso especular, mas genuinamente espero nunca perder a paciência.

A Blaise mordeu o Luka porque ele estava segurando um trem que ela queria. Só que antes de ela morder ele, parece que ele deu um tapa nela. Bem-feito!, mas quando é o nosso filho, não gostamos nada, certo? Minha cunhada teve que abrir a boca dela com suas próprias mãos porque ela não largava! Fiquei com medo de ele chegar na escolinha enfiando os dentes em todos os coleguinhas no dia seguinte! Mas o importante é que ele viu que a atitude dela foi repreendida da mesma maneira de quando ele era menor e batia nos amiguinhos (castigo), então não acredito que ele vá copiar.

A fase agressiva do Luka começou logo depois de completar 2 anos, quando começou a ir na escolinha. Durou alguns meses, e eu estava desesperada porque ele batia (mas não mordia!) em todos os amiguinhos, meninos ou meninas, quando saíamos passear ou brincar, e eu estava preocupada que as poucas amigas que tenho aqui na Inglaterra fossem bloquear meu número de telefone e meu contato no Facebook para evitar sair com o “capetinha”! Longe disso, Luka é um menino muito querido… E ainda bem que minhas amigas foram compreensivas e acreditaram que a fase acabaria! Se fosse meu filho apanhando sempre, não sei se eu continuaria com os encontros por algum tempo… Até estou reconsiderando a amizade com minha cunhada! Brincadeirinhaaa!

Enfim, acredito que o Luka começou a bater por estar frustrado na escolinha por ter que dividir brinquedos e atenção (filho único!) e provavelmente por ter levado algum tapa de algum coleguinha também. O que eu fiz para mudar o comportamento dele foi usar a técnica “naughty chair”, ou “naughty step” (cadeira ou degrau do mal-criado), do jeito que aprendi com a Super Babá Jo Frost.

Primeiro, escolhi um cantinho onde ele ficasse longe dos brinquedos dele mas ainda pudesse enxergá-los e a mim. Expliquei que quando fosse mal-criado, ia sentar numa cadeirinha naquele canto até eu falar que poderia sair. Não se deve colocar de primeira, tem que dar um aviso antes. Assim, por exemplo: Luka jogou agua no sofá. Eu: Luka, não pode jogar água no sofá porque blablablá (sempre é bom explicar os motivos das coisas e não dar somente ordens como uma ditadora). Luka joga de novo. Eu: Luka, se você jogar água de novo no sofá, você vai sentar de castigo. Água de novo. Eu: Luka, castigo, senta na sua cadeira (então eu me abaixo para falar no nível dele, olhos nos olhos), você está de castigo porque a mamãe falou para não jogar água no sofá e você jogou; agora fica sentado aqui por 2 minutos (idade dele), até eu voltar. Então eu ficava na volta fazendo alguma coisa e ignorando ele, e, geralmente antes de 2 minutos, porque ele ficava quietinho mesmo, eu voltava, me abaixava de novo para falar no nível dele, e perguntava: Por que você está de castigo? (se ele não soubesse responder ou respondesse errado, eu repetia: Você está de castigo porque jogou água no sofá quando eu falei não) Depois da resposta, eu: pede desculpas. Se não pedisse desculpas ficava na cadeira por mais 2 minutos. Depois das desculpas oferecidas, eu aceitava pedindo um abraço. Acho o abraço muito importante, para mostrar que ainda gosto dele apesar de ter colocado de castigo.

Parece simples, mas pode se tornar um pesadelo se seu filho se recusa a sentar na cadeira, ou a pedir desculpas, por exemplo. Tem que ter paciência, tem que acreditar, tem que insistir. Se você for coerente e constante, fizer sempre do mesmo jeitinho, você vai vencer essa batalha.

No começo, foi difícil porque o Luka adorava ir de castigo, achava engraçado, que estava chamando atenção! Uns dias depois que comecei a usar a cadeirinha, flagrei o Luka colocando um macaco de pelúcia de castigo, fazendo TUDO igualzinho a mim! Ele se abaixava, colocando as mãos no joelho, e falava pro macaco, você foi mal-criado e vai ficar aqui sentado até eu falar que pode sair!

Numa outra vez, a Blaise estava em nossa casa e ele bateu nela porque ela estava segurando algum brinquedo dele e eu não deixei tirar. Falei “não pode, ela é pequena e você tem que dividir”, ele bateu de novo, falei “mais uma e vai de castigo”, ele bateu de novo, foi de castigo, esperou, saiu do castigo e eu falei “agora pede desculpas pra Blaise”, ele foi correndo e deu mais um tapão nela, esse com gosto! Coloquei de castigo de novo, voltei depois de 2 minutos e perguntei: “você vai bater de novo?” - “sim” - “então fica na cadeira”. Ficou lá uns 5 minutos, voltei, “você vai bater de novo?” - “sim”. Eu sei que não pode mas estava morrendo de rir por dentro, o Ryan e o irmão da Blaise que estava ali também estavam às gargalhadas! Depois de um tempo, ele saiu do castigo e, acredite!, foi correndo dar mais um tapa na prima, e voltou correndo sozinho sentar na cadeira de castigo!!!! Hi-lá-ri-o!!

Quando ficou óbvio que ele estava levando na brincadeira, continuei com o castigo mas se a atitude fosse muito mal-criada também comecei a tirar brinquedos dele, ou estrelas da sua tabela (leia o texto “Como conseguir do seu filho tudo o que você quiser”). Foi quando um dia, na escolinha, ele bateu na cabeça de um menino com um brinquedo meio pesado, e foi colocado de castigo. Ficou super triste e envergonhado. Depois disso, não queria mais ir à escola por dias e passou a odiar o castigo. A partir de então, a técnica começou a funcionar perfeitamente! Após algunas semanas, dar o aviso do castigo já resolvia o assunto.

Outra coisa que funciona muito para mim é chantagem emocional. Eu falo que estou triste com o que ele fez e ignoro ele um pouco, se me chama para brincar ou conversa comigo, eu falo que estou triste com ele, explico o motivo, e que por isso não vou brincar ou falar. Ele fica tão bonzinho, me enche de beijos, e até hoje, nas situações mais diversas, fica me perguntando se estou feliz!

O Luka ainda bate em outras crianças, mas é muito raro. Se eu explicar qual o comportamento esperado dele em determinada ocasião social, ele se comporta bem. É mais comum ele bater nos primos, o Pedro no Brasil, e a Blaise aqui na Inglaterra, do que em amigos. Deve ser porque compartir brinquedos ele já está aprendendo bem, mas compartir atenção ainda é o próximo passo.

Quem sabe já está na hora de produzir um(a) irmãozinho(a)?


Marcas da mordida na mão do Luka

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